Autuori agiu corretamente

Agora ficou fácil, todo mundo critica Paulo Autuori como bem entende, barbadinha. Antes da chegada do treinador carioca na Azenha foi um namoro daqueles à moda antiga, de pedir permissão ao papai e tudo mais. Os gremistas prenunciaram título, Libertadores seria barbada e o Brasileirão iriam fazer que nem o amiguinho Portaluppi falou no Fluminense no ano passado, iam brincar.

Beleza, realmente contrataram um belo técnico, um conhecedor do esporte, formado em Educação Física, Administração Esportiva e com um currículo invejável. Um professor que chegou ao Olímpico com um projeto de dois anos, no qual cuidaria de vários setores do clubes e onde faria um trabalho árduo nas categorias de base visando revelar craques.

Na época comentei que tinha chegado um treinador de verdade no Olímpico! E não era pra menos, Autuori foi treinador da seleção peruana e logo após sua saída chegou no São Paulo e simplesmente ganhou a Libertadores e o Mundial, coisa pouca!

Só que, São Paulo é bem diferente do Grêmio. Analisem friamente o elenco tricolor, tem condições de brigar por alguma coisa? Não adianta treinador qualificado. Para obter resultados positivos precisa de elenco, de grupo e isso falta no Olímpico. Optaram por manter a base do ano passado, do "horroroso" do Celso Roth como os amigos adoram falar na frente da faculdade, mas que misteriosamente, quase foi campeão, se não fosse o vacilo do time nas últimas rodadas poderia ter saido com título do campeonato mais importante do pais, mas não deu, reclamaram, criticaram, pediram saída de Celso Roth, pareciam estar descontentes com o vice campeonato. Conquistaram vaga para Libertadores e esse ano tiveram calendário totalmente ocupado, só que, contrariando o planejamento do time, não ganhou nada, só participou.

Alías, a palavra ganhar só aconteceu dentro do estádio, do alçapão tricolor. Dentro do Monumental o Grêmio é outro e tem um grande aliado, a torcida que não pára de cantar um minuto e isso não é mito, é fato! Já estive várias vezes no estádio e a torcida vêm sendo diferenciada há anos e isso impõe raça e vontade no time da casa. Não é por acaso que está invicto dentro do estádio desde 13 de Setembro de 2008. É, isso mesmo, quando nem tinha Autuori. Na ocasião o tricolor perdeu para o Goiás por 2 a 1 e depois, nunca mais. Fora de casa, um desastre, poucas partidas que o Grêmio conseguiu chegar perto de algumas atuações que teve no Olímpico, alías, mesmo em seu estádio teve atuações bem limitadas.

Agora, faltando quatro rodadas para o final da competição, Paulo Autuori, o sonho dos tricolores, mas que para muitos, já estava se transformando em um pesadelo, anuncia sua saída. Após 36 partidas no comando do time os números não foram muito satisfatórios: 13 vitórias, 12 derrotas e 11 empates. O aproveitamento ficou em 46,3%, segundo o GloboEsporte.com

E assim, o namoro chega ao fim, com holofotes na saída e opiniões diferentes. A minha é a mesma desde o início da Libertadores, Grêmio não teve time para lutar pelos objetivos que foram traçados. Não adianta mandar o Mauro Galvão embora, trocar treinador se continuar com essa visão de elenco. Precisa de renovação para depois pensar em disputar título e deixar esse papinho de imortalidade um pouco de lado. Marcelo Rospide e seu incontestável retrospecto retorna ao comando do time como técnico interino até anunciarem o novo treinador.

E Paulo Autuori? Vai embora tranquilamente. Tomou a decisão correta. Já que não conseguiu o planejamento que imaginava, não teve elenco, não quer encomodação. Enquanto poucos da imprensa defendem seu trabalho, ele organiza suas coisas para voltar ao Qatar, mais precisamente para o Al-Rayyan.

E em poucos dias ruma para o futebol tranquilo onde ele é tratado como rei. Ele, seu conhecimento e um contrato de quase R$ 18 milhões por dois anos de contrato. Sinto pena! Enquanto isso, os colunistas esportivos do Rio Grande do Sul continuam aqui, com seu regionalismo hipócrita e uma visão fechada, totalmente distante do verdadeiro futebol. Ah não, eu que estou errado, aqui é peleia do início ao fim. Desculpem, sempre estou errado mesmo!