Celeste: a 90 minutos do Mundial

O quadro desenhado logo após a combinação de resultados da última rodada das eliminatórias, que definiu o confronto entre Uruguai e Costa Rica na repescagem, não se alterou. O Uruguai está no Mundial. A menos que todos os acasos do futebol aconteçam em uma única noite, a seleção costarriquenha não tem cacife nem futebol para invadir o Centenário e sair de Montevidéu com a vaga para a África do Sul. Ainda mais depois de perder em casa, depois de deixar escapar a possibilidade de um resultado positivo no péssimo, horrível, gramado sintético do Estádio Saprissa.

Aliás, o gramado do Saprissa impediu que se jogasse futebol ontem à noite. Uruguai e Costa Rica não conseguiram colocar a bola no chão. A bola, sem rumo, sem dono, atirava-se com velocidade contra os jogadores, impossibilitando jogadas individuais e lançamentos em profundidade. Acentuou-se a deficiência técnica da seleção costarriquenha e a falta de criatividade da seleção uruguaia. Jogo para Lugano e para os dois volantes da celeste, Sebastián Eguren e Álvaro Fernández, que, dentro de pouco tempo ditaram, entre desarmes e pontapés, o ritmo da partida.

Apesar de tudo, das péssimas condições do gramado, principalmente, o Uruguai impôs vontade e tradição. Nada que esconda as deficiências do time. Não restam dúvidas, por exemplo, que a grande dificuldade da seleção uruguaia reside no meio campo, principalmente na armação das jogadas. Se a linha de três zagueiros, comandada pelo polivalente Diego Lugano, permanece intacta, assim como a presença de Forlán e Suárez no ataque, o meio campo da celeste é uma incógnita e necessita de criatividade. O estreante Nicolás Lodeiro, a jovem promessa do Nacional, não rendeu. Assim como o titular da posição, Jorge Rodríguez, não havia rendido contra a Argentina.

Há, porém, uma certeza em relação ao jogo de volta, em Montevidéu: a julgar pelo que fez ontem à noite, a seleção costarriquenha não tem condições de calar um Centenário abarrotado. Falta futebol. Falta entusiasmo, garra e tradição para se impor diante da Celeste no Centenário. O Uruguai está no Mundial, a menos que todos os acasos do futebol aconteçam na noite de quarta. E isso não pode acontecer.