segunda-feira, 19 de julho de 2010

Um vovô contador de histórias...

Hoje é o dia do futebol, dia em que o Sport Club Rio Grande completa 110 anos de história. Oficialmente e definitivamente o clube mais velho do Brasil, em atividade. Recentemente o programa dos Detetives da História (History Channel, canal de TV americano), apresentou o documentário revelando a verdadeira paternidade do futebol brasileiro. Johannes Minnemann, um alemão radicado no Rio Grande do Sul, trouxe em sua bagagem a idéia de difundir na cidade a modalidade esportiva sensação na Europa: o futebol.

No interior do Rio Grande do Sul, em 19 de julho de 1990, momento histórico na história do futebol mundial, a fundação do primeiro clube de futebol do Brasil, o Sport Club Rio Grande. Quando o futebol ainda era pouco conhecido, lá pelo fim do século XIX, um grupo de descendentes de Albion resolveu iniciar a prática do esporte, fundando um clube na cidade de Rio Grande. As primeiras jogadas foram realizadas na rua e as dificuldades a serem vencidas eram muitas. Até mesmo a bola era importada da Inglaterra, pois não existiam fábricas em nosso continente. Assim surgiu o clube que, embora a data de fundação seja 19 de julho de 1900, já jogava desde 1898.

O tricolor vovô foi fundado 23 dias antes da Ponte Preta e grandes clubes como: Flamengo, Botafogo, Vasco da Gama e Vitória, que são anteriores a 1900, não nasceram como clubes de futebol. Portanto, em homenagem ao clube, o dia 19 de julho foi escolhido pela CBF como o “Dia do Futebol”.

Os primeiros jogos foram realizados pelos próprios sócios do clube que se dividiam em Quadro A e o Quadro B. Após muitas reuniões, aos poucos eram definidas as cores do clube, a captação de recursos, os jogos de exibição, etc. As cores do clube que são o verde, amarelo e o vermelho, foram uma homenagem ao estado do Rio Grande do Sul que acolhia a vários estrangeiros.

Procurando aumentar o número de seguidores do esporte, em 1903, o clube realizou um jogo num campo improvisado no atual Parque Farroupilha onde foi aplaudido pelo povo porto-alegrense que até então, não conhecia o futebol. E o primeiro jogo realizado em Porto Alegre, por dois teams do clube rio-grandino, terminou empatado. Em 1904, o Rio Grande adquiriu o seu campo no Boulevard Buarque de Macedo. Este campo foi comprado pela importância de Cr$ 1.200,00. Até então, as partidas eram disputadas no local onde existiam as oficinas da Viação Férrea, na cidade marítima.

Com a disseminação do esporte, o clube excursionou por muitas cidades do estado e do país. Em 1912, o Sport Club Rio Grande enfrentou o Combinado Paulista e o público rio-grandino conheceu as jogadas do saudoso Rubens Sales, nome que foi admirado por todos esportistas brasileiros da época. Em 1932, o Rio Grande empatou por 2 a 2 com o Botafogo do Rio de Janeiro, numa partida memorável. Naquele ano, o Botafogo havia se sagrado campeão carioca. Faziam parte do time do Botafogo jogadores de grande classe, como Martim Silveira, Nilo, Carvalho Leite e outros.

O primeiro Pavilhão, no Estádio das Oliveiras, palco de grandes jogos e vitórias importantes, construído em 1911 com ajuda dos sócios do clube e da comunidade da região, foi destruído por um incêndio em 1934. Porém, não acabou com o sonho do Sport Club Rio Grande, que reergueu um novo Pavilhão, construído de alvenaria e passou a abrigar os torcedores, que desde o início apoiavam e lotavam o estádio para assistir as exibições da equipe.

Em 1936, o Rio Grande enfrentou o Combinado Carioca, com o qual empatou por 1 a 1. Defendendo o Combinado Carioca estava o famoso Leônidas da Silva e outros renomados jogadores. Por várias vezes, o Rio Grande mediu forças com adversários de outros países. O Estudiantes de Montevidéu, o Wanderers de Melo e o Rampla Juniors de Montevideo já pisaram no campo do veterano Rio Grande.

No mesmo ano, em Porto Alegre, o S.C. Rio Grande levantou o título de Campeão Estadual de Futebol do Rio Grande do Sul, abatendo o Vitoriense de Santa Vitória do Palmar, o Farroupilha de Pelotas, o Novo Hamburgo (da cidade de mesmo nome) e, finalmente, o Internacional de Porto Alegre, campeão porto-alegrense. O título veio em melhor de duas contra o Internacional.

O time do Rio Grande que levantou o Campeonato Estadual de 1936 estava assim constituído: Ernestinho, Darinho, Paulinho, Pesce, Fruto, Juvêncio, Sanguinha, Cazuza, Curruíra, Munheco, Chinês, Tocco, Marzol e Roberto; e esteve confiado à seguinte comissão técnica: presidente, dr. Oswaldo Miller Barlem; secretário-tesoureiro, Oscar Lema Garcia; técnico, Comte. Gustavo Cramer Filho.

Em 2000, como homenagem ao centenário do clube, o Rio Grande foi convidado pela Federação Gaúcha de Futebol para participar da 1ª divisão do Gaúchão. Esse campeonato recebeu o nome de "Copa Sport Club Rio Grande - Um Século de Futebol".

Jogou a 1ª fase no Grupo 1, junto com Esportivo, Caxias, São José-POA, Veranópolis, Pelotas e Inter-SM. Acabou em 5º, com 12 pontos em 12 jogos. Pela campanha, não seria rebaixado, mas voltou para Segunda Divisão por ter sido apenas convidado. Naquele mesmo ano, acabou também jogando a Segunda Divisão (pois essa começou meses depois), fazendo uma péssima campanha.

Além do convite para disputar o Gauchão, o Rio Grande realizou um jogo festivo para comemorar os 100 anos, recebendo no Estádio Colosso do Trevo (do rival Rio-Grandense, atualmente fechado) o Fluminense, do Rio de Janeiro.

O Memorial do Sport Club Rio Grande, denominado Johannes Christian Moritz Minnemann, surgiu após o centenário do clube em 2000 e foi idealizado por Helena Portella. De lá para cá trabalha incessantemente na preservação do material histórico encontrado. Dentre esse material, destaca-se o acervo de fotos, com datas desde 1900, bem como documentos, jornais, flâmulas, taças, entre outros.

Os documentos encontram-se em fase de organização e recuperação, e podem ser conferidos por quem visita o espaço do Memorial. O acervo com a história do clube conta com aproximadamente: 3.700 registros de jornais, 1.700 documentos históricos, 1.230 fotos, 270 taças e troféus, 51 fitas de vídeo, 48 placas, 4 bolas, 15 medalhas, 47 flâmulas e 24 diplomas.

O clube não disputará nenhuma competição neste segundo semestre e está se organizando para lutar pelo retorno à elite do futebol gaúcho na competição do ano que vem.

Mais informações sobre o clube no site oficial ou com o torcedor do clube que representa a nação tricolor riograndina aqui no Boemia Social Clube, Victor Canuso, o homem do bonézinho!